O evento tem aconteceu entre os dias 19 e 21 de junho em BH
Link do evento: https://eventos.crp04.org.br/1cbpm/
O 1º Congresso Brasileiro de Psicologia e Migração (CBPM) – Por uma sociedade sem fronteiras sediado em Belo Horizonte, entre os dias 19 a 21 de junho de 2024, traz a participação das pesquisadoras Karina Quintanilha e Hortense Mbuyi, em debates sobre a migração e temas relacionados ao trabalho e políticas públicas, descolonização do estado e o combate ao neoliberalismo.
O Congresso é realizado pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), coorganizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e conta com a parceria da PUC Minas e do coletivo de profissionais da Psicologia que atuam com migração – Psimigra. São apoiadores da iniciativa: Cio da Terra, Médicos Sem Fronteiras (MSF) e os Conselhos Regionais de Psicologia do Distrito Federal (CRP-DF), Paraná (CRP-PR), Rio de Janeiro (CRP-RJ) e São Paulo (CRP-SP).
Fruto de construções colaborativas e compartilhadas que vêm ocorrendo há alguns anos, o evento contempla uma diversidade de atividades: serão conferências, minicursos e mesas, além da apresentação de trabalhos. A programação prevê ainda a realização de duas atividades no Pré-Congresso: a exibição comentada de filmes, no dia 18 de junho, e o 1º Encontro do Sistema Conselhos de Psicologia sobre Migrações, Refúgio e Apatridia, no dia 19 de junho.
O encontro acontece em um presente marcado por violência e tensões sociopolíticas profundamente entrelaçadas que afetam a condição de migrantes que chegam ao Brasil. Os fluxos migratórios recentes em direção ao país são majoritariamente de populações da América Latina e do Caribe, em grande parte compostos por deslocamentos forçados. Esse contexto impõe uma maior situação de vulnerabilidade para migrantes, principalmente para determinados grupos, como mulheres, crianças, população LGBTQIA+, pessoas negras e indígenas. O evento é totalmente gratuito.
Confira abaixo as atividades com as pesquisadoras Hortense Mbuyi Mwanza e Karina Quintanilha Ferreira, integrantes do Fórum Fronteiras Cruzadas.
Grupo 3 – Trabalho e migração: reflexões a partir da Psicologia
O grupo tem como objetivo acolher trabalhos que versem sobre as dinâmicas laborais e a relação com a mobilidade humana. Na Psicologia, interessa-nos trabalhos com aportes teóricos na Psicologia Social, Psicologia Política, Psicologia Comunitária e Psicologia do Trabalho. Os trabalhos podem ser relatos de experiência profissional no acolhimento a migrantes, refugiados e apátridas e discussões oriundas de projetos de pesquisa-intervenção e extensão sobre a temática. Também serão acolhidos trabalhos que possuem referencial teórico nas fronteiras disciplinares das Ciências Humanas e Sociais e em diálogo com o amplo campo da Psicologia.
20/06/2024 – 14:00 – 16:30 – Sala 404 – 4º andar
Convidadas
Carolyne Reis Barros – Coordenador(a)Professora do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Cárcere e Direitos Humanos. Pesquisadora do Grupo de Estudos Cognição, Educação, Imigração e Refúgio (GECEIR/UFMG).
Iolanda Évora – Coordenador(a)Psicóloga social, coordenadora do projeto Afro-Port, investigadora associada do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA). Professora convidada do mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional na Universidade de Lisboa (ISEG) e do mestrado em Estudos Africanos na Universidade de Lisboa (ISCSP).
Karina Quintanilha – Coordenadora: Doutora em Sociologia (Unicamp). Advogada e mestra em Ciências Sociais (PUC-SP), especialista em Migração e Refúgio na perspectiva de Direitos Humanos (UNLa). Cofundadora do Fórum Internacional Fronteiras Cruzadas.
Mesa: MIGRAÇÃO E TRABALHO
A proposta da presente mesa é perpassar as principais discussões sobre a relação entre trabalho e migração, especificamente as dinâmicas laborais da mobilidade no Sul Global. Diante dos movimentos geridos e gestados no modo de produção capitalista, é necessário questionar os adjetivos que desqualificam as mobilidades que explicitamente são realizadas em função de um trabalho. Termos como migrantes laborais ou migrantes econômicos não ajudam na construção de uma agenda pública sobre este tema, pois desqualificam os sujeitos em mobilidade e transforma em algo individual uma questão social. Assim, cabe-nos também a distinção entre o trabalho, atividade ineliminável da condição humana que funda, produz e reproduz a sociabilidade e sua forma regulada pelo Estado denominada emprego. Tal distinção auxilia-nos a refletir sobre as propostas políticas existentes para o campo denominado trabalho e migração. Em um mundo laboral cada vez mais precarizado, onde a promessa do emprego não se concretiza para a maioria da população, quais formas de trabalho ainda podem conferir dignidade e proteção social? A aposta no empreendedorismo é um caminho ou pode agudizar ainda mais a situação de vulnerabilidade a que são submetidas as pessoas migrantes, refugiadas e apátridas? Quais as perspectivas de uma economia solidária em um mundo precarizado? Com essas questões, e considerando os marcadores sociais da diferença, a mesa pretende abordar as dificuldades e as resistências que têm sido construídas com as pessoas migrantes, refugiadas e apátridas para garantirem o direito ao trabalho digno, que, consequentemente, é o direito ao futuro.
Mesa-redonda – 21/06/2024 – 11:00 – 12:30
Convidadas/os
Carolyne Reis Barros – Mediadora: Professora do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Cárcere e Direitos Humanos. Pesquisadora do Grupo de Estudos Cognição, Educação, Imigração e Refúgio (GECEIR/UFMG).
Iolanda Évora – Palestrante: Psicóloga social, coordenadora do projeto Afro-Port, investigadora associada do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA). Professora convidada do mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional na Universidade de Lisboa (ISEG) e do mestrado em Estudos Africanos na Universidade de Lisboa (ISCSP).
José Alves – Palestrante: Possui graduação em Geografia (UEL), mestrado e doutorado em Geografia (UNESP). Professor Associado da Universidade Federal do Acre (UFAC) e professor do curso de Pós-graduação em Geografia (UFAC). Tutor do grupo PET Geografia Ufac. Membro do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT) e do Grupo de Estudo em Produção do Espaço na Amazônia (GEPEA). Editor da Revista Arigó – Revista do Grupo PET e Acadêmicos do Curso de Geografia da Ufac.
Karina Quintanilha – Palestrante: Doutora em Sociologia (Unicamp). Advogada e mestra em Ciências Sociais (PUC-SP), especialista em Migração e Refúgio na perspectiva de Direitos Humanos (UNLa). Cofundadora do Fórum Internacional Fronteiras Cruzadas.
Mesa: MIGRAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS: DESCOLONIZAR O ESTADO, COMBATER O NEOLIBERALISMO
Descrição – A colonialidade pode ser considerada um padrão de distribuição de poder inaugurado pela modernidade, que trouxe à reboque profundas consequências para a constituição da sociedade e da cultura brasileira. Por meio da imposição de diferentes formas de exploração, um modelo de estratificação sociorracial entre brancos e outras tipologias raciais, consideradas inferiores, foi implementado no Brasil e em outras partes do mundo (Quintero et al., 2019). Testemunhamos, na última década, um aumento exponencial na elaboração e na implementação de políticas públicas com o objetivo de atender às demandas de comunidades migrantes residentes no Brasil, reconhecendo as particularidades inerentes à vivência dos migrantes no país e buscando facilitar o acesso a serviços públicos. Concorrendo com este processo, também testemunhamos um acirramento da implementação de políticas sociais e econômicas neoliberais que agudizaram a precarização de políticas de seguridade social, além de agravarem a pauperização e a exclusão das populações pretas, pardas e indígenas. Simultaneamente, movimentos de migrantes e aliados brasileiros têm organizado processos de consulta com o objetivo de demandar uma reformulação das dinâmicas de poder em jogo, requerendo, entre outras coisas, um lugar na mesa de decisões sobre as ações que serão implementadas. Esta mesa busca refletir sobre como esses processos se interseccionam, pensando nos limites e potencialidades das respostas elaboradas pelas comunidades migrantes e seus aliados diante de um contexto hostil ao aprofundamento da democracia e à redistribuição de poder que desafia a forma como a colonialidade se estrutura.
Convidadas/os
Alexandre Branco-Pereira – Palestrante – outor em Antropologia. Professor no Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UNB). Integra o Comitê Migrações e Deslocamentos da Associação Brasileira de Antropologia. Fundador e membro da coordenação da Frente Nacional pela Saúde de Migrantes.
Laura Queslloya – Palestrante : Mulher indigena, migrante, bissexual, mãe, feminista e antirracista. Bacharel em Nutrição (Universidad Nacional de San Agustin), graduada em Psicologia (Faculdade Promove) e mestranda (PUC Minas). Uma das fundadoras do Cio da Terra e atual coordenadora geral do coletivo. Integrante da Comissão de Orientação em Migração, Refúgio, Tráfico de Pessoas e Subjetividade do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG).
Hortense Mbuyi – Palestrante: mãe, advogada especialista em Direito Econômico e Social. Coordenadora Jurídica da comunidade Congolêsa no Brasil, idealizadora do Espaço WEMA Cultura e Gastronomia Africana, membro do capelão internacional da Universidade de Florida. Foi conselheira Municipal por 4 anos, eleita também presidente do conselho Municipal de Imigrantes de São Paulo na gestão 2021-2023. Integrante do Fórum Fronteiras Cruzadas, é membro Centro Internacional da Civilização Bantu (CICIBA) e participa do Programa de Pós-graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidade na USP.
Vanessa Terena – mediadora: Indígena psicóloga (CRP-14/074509) , conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Mato Grosso do Sul, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Psicologia e Povos Indígenas no CRP-14. Integrante da Articulação Brasileira de Indígenas Psicólogas(os) (ABIPSI), trabalha com questões de identidade indígena, racismo e saúde mental.