Sobre

Faça parte dessa rede de pesquisa, extensão e ação multicultural com grupos universitários e movimentos sociais

O Fórum Internacional Fontié Ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas é uma iniciativa interdisciplinar acadêmica, social e artística que busca visibilizar e estimular o pensamento crítico no campo das migrações transnacionais contemporâneas, contribuindo com projetos e políticas junto às redes comprometidas com as lutas sociais.

Baseado na Universidade de São Paulo (USP), a proposta do Fórum surgiu em 2017 da relação constituída com grupos de pesquisa e extensão, ativistas e coletivos formados por migrantes, principalmente com integrantes da União Social dos Imigrantes Haitianos (USIH). Em crioulo haitiano, Fontié ki Kwaze significa ‘fronteiras que cruzam’, fazendo referência ao país com o maior número de falantes de crioulo no mundo – língua surgida pelo cruzamento moderno de culturas a partir das diásporas afro-atlânticas, da troca de saberes interculturais, da inovação e da resistência. 

3ª Edição do Sarau Fontié ki Kwaze com Centro de Acolhida Imigrante para celebrar o Dia Internacional das Mulheres, no Teatro Oficina Uzyna Uzona (2020)

Concebido na Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) em 2017, o Fórum Fronteiras Cruzadas foi organizado inicialmente a partir do Centro Multidisciplinar de Pesquisas em Criações Colaborativas e Linguagens Digitais (COLABOR-USP) em estreito diálogo com grupos de pesquisa da PUC-SP, UNICAMP, UFRN, PGEHA-USP e FFLCH-USP, e, principalmente, com as redes dos próprios migrantes.

Desde 2022, o projeto de extensão Fronteiras Cruzadas está vinculado ao Laboratório de  Pesquisa Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (LAPS-FFLCH-USP). Desenvolvido em parceria com o Grupo de Pesquisa Cidade e Trabalho (FFLCH-USP), conta com a coordenação-geral da Profa. Vera da Silva Telles e da Profa. Bianca Freire-Medeiros do Departamento de Sociologia (USP).

O Fórum tem se destacado por promover modos inovadores de produção de conhecimento, privilegiando a formação de redes constituídas por brasileiros/as e migrantes de diversas nacionalidades que atuam colaborativamente por meio de processos curatoriais, workshops/oficinas, debates, conexões a partir de plataformas digitais, apoio jurídico e elaboração de trabalhos acadêmicos em diálogo com redes de pesquisa e de defesa dos direitos humanos no Brasil e internacionalmente. 

Os trabalhos vêm se articulando em torno de propostas de formação de redes sociotécnicas, em que diversos atores se organizam numa atuação coletiva, em rede, territorializada em variados espaços de alcance multiescalar, conectando e associando pessoas de origens, histórias e atuações diversas comprometidas com alternativas para a transformação social e com os direitos humanos das populações transmigrantes, expulsas, deslocadas, refugiadas, em diáspora.

Com o financiamento do Programa de Apoio a Eventos no País da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) foi possível realizar quatro edições do Fórum Internacional Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas na Universidade de São Paulo, garantindo transporte, alimentação e hospedagem para conferencistas internacionais e de diferentes universidades brasileiras, e com forte presença de migrantes envolvidos com movimentos culturais e lutas sociais no Brasil.

Os eventos, disponibilizados no canal de YouTube do Fronteiras Cruzadas (https://www.youtube.com/fronteirascruzadas), em formato presencial (em 2017, 2018 e 2024) e virtual (em 2020-2021), engajaram milhares de pessoas com a participação de palestrantes e público de ao menos 15 paíse

Além do trabalho acadêmico engajado, o Fronteiras Cruzadas desenvolve trabalhos artístico-culturais como um dos eixos privilegiados de atuação, tendo recebido apoios da SPCine, do SESC e de editais de fomento à cultura.

A experiência multidisciplinar contempla ampla pesquisa sobre as mobilidades transnacionais e a relação com a cidade, bem como a transmissão e popularização dessa produção científica, tecnológica e artística, com ênfase na articulação de redes sociotécnicas e em epistemologias colaborativas. Este conceito foi aprofundado pelas pesquisas dos últimos anos junto ao Grupo de Pesquisa Cidade e Trabalho, coordenado pela Profa. Vera Telles,  sobretudo pela realização do I Seminário Ambulantes e Cidade (2020) e das campanhas de defesa dos direitos das pessoas migrantes, combatendo o xenorracismo e a criminalização da migração, a exemplo das campanhas “Nduduzo Tem Voz”, lançada em 2018, e “Liberdade Para Falilatou” mobilizada durante a pandemia para denunciar a injusta prisão arbitrária da refugiada de origem togolesa, trabalhadora ambulante do Brás.

No início da pandemia, o Fronteiras Cruzadas foi apoiado por edital da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para desenvolver redes sociotécnicas com associações de migrantes em diferentes territórios periféricos das cidades de São Paulo e Campinas com base em projeto do Prof. Dr. Ricardo Antunes e da Dra. Karina Quintanilha (LINK PARA RELATÓRIO). Nesse período, o Fronteiras Cruzadas também desenvolveu o projeto “VideoLab: Conexões Migrantes”, com apoio da organização internacional Witness – Pelo Direito de Filmar, realizando a série audiovisual Vidas Imigrantes Negras Importam, por memória e justiça a João Manuel, trabalhador angolano vítima fatal do xenorracismo durante a pandemia em São Paulo. 

Em razão dessa atuação de impacto social com engajamento da comunidade universitária e coletivos de migrantes, em 2024 o Fronteiras Cruzadas foi contemplado com emenda parlamentar do mandato coletivo do Movimento Pretas (PSOL) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para estruturar o projeto de extensão Fronteiras Cruzadas no LAPS-USP. Em Outubro de 2024, o projeto recebeu menção honrosa no 48o Encontro Nacional da ANPOCS.  

Por meio desses projetos no campo da pesquisa, extensão e cultura, o Fórum tem se desdobrado em um laboratório de migração e transformação social, potencializando a participação de imigrantes nas universidades e amplificando as suas redes de atuação. Ao longo desses últimos 7 anos de “fazer fórum”, o Fronteiras Cruzadas tem celebrado inúmeras parcerias com redes atuantes no Brasil e internacionalmente, como o grupo Narrativas de Fronteras (México), a rede Migración en las Américas e a coalizão antirracista da ONU (UNARC).

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