Projeto de extensão ‘Fronteiras Cruzadas’ promove formação de redes sociotécnicas na USP

Atividades de extensão universitária sobre migrações e direitos humanos serão realizadas em parceria com o Laboratório de Pesquisa Social (FFLCH-USP). Participe!

Atividades do Fórum Internacional Fronteiras Cruzadas promovem ações dialógicas
de caráter educativo, social, cultural, artístico, científico e tecnológico (2017-2024).

Uma nova proposta idealizada pelo Fórum Internacional Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas promove de forma inédita atividades de extensão universitária articuladas com coletivos de migrantes e refugiadas/os em parceria com o Laboratório de Pesquisa Social (LAPS-FFLCH-USP). O projeto é apoiado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) por meio de emenda parlamentar da Deputada Monica Seixas do Movimento Pretas (PSOL-SP).

A partir do tripé pesquisa-ensino-extensão imbricado com ações culturais, o projeto de extensão “Fronteiras Cruzadas” tem como objetivo desenvolver um conjunto de ações dialógicas com associações e coletivos formados por migrantes de caráter educativo, social, cultural, artístico, científico, tecnológico. As atividades realizadas na Universidade de São Paulo buscam fortalecer as redes de mobilização por direitos e de produção sociotécnica engajada com as comunidades e movimentos de migrantes, em diálogo com os movimentos de moradia, da negritude, de indígenas, das mulheres, LGBTQIA+, de trabalhadores/as e ambulantes, anti-cárcere, da saúde, da educação e pela defesa dos direitos humanos como um todo.

O projeto foi organizado em parceria com o Laboratório de Pesquisa Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (LAPS-FFLCH-USP) e o Grupo de Estudos Cidade e Trabalho (FFLCH-USP).

Dentre as atividades previstas estão: a realização da 2ª edição do Minicurso “Mobilização em rede para a garantia de direitos de migrantes e refugiadas/es“; a continuidade do Seminário Ambulantes e Cidade; a produção de um laboratório audiovisual para desenvolvimento de um MesaCast; a realização do Sarau Multicultural Fronteiras Cruzadas; a participação na rede Vidas Imigrantes Negras Importam por meio do apoio em campanhas públicas antirracistas e de defesa de direitos humanos; e a formação de multiplicadores para a participação em oficinas nas escolas, com foco em estratégias de enfrentamento ao racismo e xenofobia.

Embora sejam crescentes as iniciativas e pesquisas nas universidades relacionadas às migrações transnacionais, ainda há uma necessidade evidente de atividades organizadas com a participação de populações migrantes periféricas e racializadas, que podem ser desenvolvidas no âmbito universitário, principalmente por meio de extensão universitária. Além de colaborar para o conhecimento das demandas desse grupo social, a presença de imigrantes e refugiades nas Universidades significa um enriquecimento intelectual e cultural para os estudantes, docentes e para todos que fazem parte desta comunidade.

Espera-se deslocar as fronteiras das universidades por meio de formas inovadoras de produção de conhecimento ao interagir e incorporar práticas, conhecimentos e saberes dos coletivos migrantes através do emprego das bolsas de extensão para dedicação de pesquisadores ao projeto e recursos destinados à pesquisadores sociais

Vera Telles, professora livre-docente sênior do Departamento de Sociologia da USP, atual coordenadora-geral do Fórum Fronteiras Cruzadas

Pesquisadores Acadêmicos e Pesquisadores Sociais engajados com extensão universitária

O projeto conta com a participação de docentes, estudantes e imigrantes de diversas formações ligados ao Fórum Internacional Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas, uma iniciativa acadêmica, social e artística multicultural que nasceu em 2017 na USP com apoio do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP-CAPES).

Dentre as/os proponentes do projeto no Departamento de Sociologia da USP estão a Dra. Karina Quintanilha (socióloga, advogada e pesquisadora-colaboradora, FFLCH-USP) e o mestre Daniel Perseguim (jornalista e pesquisador-colaborador, FFLCH-USP), com coordenação geral da Profa. Dra. Vera da Silva Telles, livre-docente da USP e coordenadora do Grupo de Estudos Cidade e Trabalho, e o apoio da Profa. Dra. Bianca Freire-Medeiros (LAPS-USP).

Além desses proponentes, participam da equipe do projeto como bolsistas de extensão: a mestranda Hortense Mbuyi Mwanza – do Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades (PPGHDL-USP); o Dr. Tiago Rangel Côrtes (sociólogo); Dra. a Dra. Ana Lídia Aguiar (socióloga) – como pesquisadores-colaboradores do Departamento de Sociologia; a Maria Eduarda Brommonschenkel e a Biana Fernandes – graduandas do curso de Ciências Sociais.

Parcerias externas: estudantes, pesquisadores, professores ligados ao Fórum Internacional Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas (USP), escolas, instituições e associações de migrantes situadas em diferentes territórios periféricos da cidade de São Paulo.

Dentre as conexões com esses coletivos já estabelecidas pelo Fronteiras Cruzadas e que pretende-se estreitar com este projeto, estão:

  • União Social dos Imigrantes Haitianos-USIH (Glicério)
  • Associação de Mulheres Imigrantes Luz e Vida (AMILV – Guaianases)
  • Espaço Wema – Gastronomia e Cultura Africana (Ocupação 9 de Julho)
  • Coletivo Si, Yo Puedo (Praça da Kantuta)
  • Coletivo de Base Convergência de Culturas – Warmis
  • Centro Cultural Andino Amazônico – SP
  • ONG África do Coração
  • Associação da Comunidade da Guiné Bissau

A iniciativa busca dar continuidade às experiências do projeto de extensão organizado pelo Fronteiras Cruzadas durante a pandemia da Covid-19, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP) em parceria com o Grupo de Pesquisa Metamorfoses do Mundo do Trabalho (confira aqui o relatório do projeto realizado em 2020/2021).

Agora na FFLCH-USP, pretende-se estruturar o projeto como parte das políticas de curricularização da extensão a fim de contribuir para a formação de pesquisadoras/es e profissionais de diferentes áreas em perspectiva transdisciplinar, antirracista, interseccional e de direitos humanos, preparando esses interlocutores para propor políticas e projetos que levem em consideração as diferentes dimensões sociais, econômicas, ambientais e culturais atravessadas pelo fenômeno global das migrações. 

Uma das principais metas do projeto de extensão é incorporar outros migrantes – vinculados aos coletivos participantes do Fórum Fronteiras Cruzadas – na figura de pesquisadoras/es sociais, isto é, pessoas “que detêm um conhecimento legítimo e que não pode ser refutado ou contestado porque foi adquirido a partir de suas experiências diante da realidade social enquanto dinâmica própria da vida individual e coletiva, em um conjunto de expressões humanas constantes nas estruturas, nos processos, nos sujeitos, nos significados e nas representações” (CAAF-UNIFESP, 2022), de modo que o conhecimento produzido na Universidade reflita também sobre políticas e ações concretas para essas populações e junto com elas.

Tal proposta foi idealizada por outros grupos que já trabalham com a perspectiva de pesquisadores sociais em projetos de pesquisa e extensão na universidade, como o projeto com o movimento Mães de Maio do CAAF na UNIFESP, que incorporou as mães cujos filhos foram vítimas da violência do Estado como “pesquisadoras sociais”.

“As nossas iniciativas, entre elas o trabalho em conjunto com as associações e coletivos de migrantes por meio de atividades como o Sarau Fronteiras Cruzadas e o Minicurso têm construído ambientes de sensibilização e participação

Karina Quintanilha Ferreira, pesquisadora-colaboradora da FFLCH e co-coordenadora do Projeto de Extensão Fronteiras Cruzadas

De acordo com a professora Vera da Silva Telles, o plano de trabalho prevê a estruturação de uma extensa rede que articula pesquisadores e grupos de pesquisa, associações, ONGs, advogados e defensores de direitos humanos, coletivos negros e indígenas, em conjunto com movimentos sociais. “Espera-se deslocar as fronteiras das universidades por meio de formas inovadoras de produção de conhecimento ao interagir e incorporar práticas, conhecimentos e saberes dos coletivos migrantes através do emprego das bolsas de extensão para dedicação de pesquisadores ao projeto e recursos destinados à ‘pesquisadores externos'”, explica a professora livre-docente, que também lidera o projeto apoiado pelo CNPq “Tramas urbanas, tramas políticas e o governo (em disputa) de territórios populares”.

As atividades também pretendem fazer com que a participação ativa de migrantes e refugiados seja impulsionada por meio de dispositivos audiovisuais e de produção artístico-cultural. “As nossas iniciativas, entre elas o trabalho em conjunto com as associações e coletivos de migrantes por meio de atividades como o Sarau Fronteiras Cruzadas e o Minicurso têm permitido construir ambientes de sensibilização e participação e, a partir desses lugares, geram dados e informações articulados por campanhas em defesa dos direitos das populações migrantes”, explica Karina Quintanilha, co-coordenadora do projeto.

+ INFOS

Em breve serão abertas as inscrições para a participação nas atividades de extensão.

Mais informações por email fontieforum@gmail.com
Siga nossas redes:
fronteirascruzadas.com.br 
youtube.com/fronteirascruzadas
instagram.com/FronteirasCruzadas/
facebook.com/FronteirasCruzadas
linktr.ee/fronteirascruzadas 

Ass. Comunicação – Daniel Perseguim – tel/whatsapp: + 55 11 98208-1847