A publicação do Relatório Final do Projeto de Extensão “Formação de rede sociotécnica com imigrantes e refugiados (2024-2025)“, organizado pelo Fronteiras Cruzadas, é uma oportunidade para refletir sobre o papel da universidade como espaço de articulação de pesquisas, extensão e cultura em uma perspectiva crítica e engajada com as lutas sociais e os direitos humanos.
O período contemplado pelo relatório aborda atividades realizadas entre 2024 e 2025 com coordenação-geral das professoras Dra. Bianca Freire-Medeiros e Dra. Vera da Silva Telles, e coordenação executiva da Dra. Karina Quintanilha, em parceria com o Grupo de Pesquisa Cidade e Trabalho (FFLCH-USP) no Laboratório de Pesquisa Social vinculado ao Departamento de Sociologia (LAPS-FFLCH-USP). O projeto foi financiado por emenda parlamentar da deputada estadual Monica Seixas, do Movimento Pretas (PSOL-SP), por meio da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP).

O projeto de extensão foi desenvolvido por uma equipe formada por 12 bolsistas, entre estudantes de graduação, pós-graduandas/os, mestres e doutoras/es de diversas áreas do conhecimento (Sociologia, Jornalismo, Direito, Antropologia, Psicologia, Pedagogia, Gestão de Políticas Públicas, dentre outros), contando ainda com cinco colaboradores/as acadêmicos – imigrantes do Haiti, Bolívia, República Democrática do Congo – que são vinculados às associações de imigrantes da região metropolitana de São Paulo que formalizaram parceria com o projeto:
- União Social dos Imigrantes Haitianos (USIH) – Representante: Fedo Bacourt (Haiti);
- Associação de Mulheres Migrantes Luz e Vida (AMILV) – Representantes: Miriam Guarachi e Yolanda Palacios (Bolívia);
- Pacto pelo Direito de Migrar (PDMIG) – Representante: Jean Katumba (República Democrática do Congo);
- Espaço Wema – Representante: Hortense Mbuyi (República Democrática do Congo);
- Centro Cultural Andino Amazônico (CCAA) – Co-responsável: Juan Cusicanki (Bolívia).
Impactos da Extensão Universitária
Os trabalhos viabilizaram a atuação em escala (contabilizando mais de setenta atividades em um curto período de tempo) e a construção de parcerias interinstitucionais, uma prova consistente da importância da extensão universitária.
Os resultados refletidos no relatório demonstram os impactos da participação desses atores/atrizes na produção científica na universidade – tanto no campo social, político e tecnológico, quanto na concepção da própria universidade.
Neste momento, o ensino superior busca se adaptar a um mundo que passa por profundas transformações através da ampliação dos sentidos da extensão universitária, no contexto da chamada “curricularização da extensão”.
Como detalhado no relatório, o projeto, articulado com as associações e demais parceiros, foi organizado em torno de quatro eixos de atuação:
Eixos de atuação e atividades do projeto de extensão Fronteiras Cruzadas (USP)
1. fortalecimento de rede sociotécnica fomentadora de epistemologias colaborativas (produção do Mesacast Fontié ki Kwaze e Newsletter do Laboratório de Migração e Transformação Social; organização do IV Fórum Internacional Fontié ki Kwaze - Fronteiras Cruzadas; publicação de artigos científicos);
2. intervenção sociojurídica na defesa de direitos humanos a partir de pesquisas qualificadas (Releases de imprensa e entrevistas na mídia; Campanhas com a rede Vidas Imigrantes Negras Importam);
3. formação e qualificação sobre aspectos jurídico-legais dos direitos de pessoas imigrantes e no combate ao racismo e à xenofobia (oficinas, aulas em escolas, participação em eventos acadêmicos e redes de defesa de migrantes, como o GTI da ALESP);
4. promoção de laboratórios artístico-culturais como dispositivo de engajamento social (Sarau Fontié ki Kwaze e I Mostra de Cinemas Migrantes).











Imagens: Registros fotográficos das atividades realizadas pela equipe do Fronteiras Cruzadas (FFLCH-USP) entre Junho de 2024 e Abril de 2025.
No final de 2024, como forma de reconhecimento do trabalho coletivo, o projeto recebeu Menção Honrosa no III Prêmio ANPOCS de Extensão Universitária na ocasião do 48º Encontro Nacional da ANPOCS.

Histórico do Fronteiras Cruzadas
A partir das práticas colaborativas, o Fórum Internacional Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas surgiu em 2017 na USP (veja o artigo Fronteiras Cruzadas: Fontié Ki Kwaze – 7 anos de experiências colaborativas publicado no livro do NEPO-Unicamp). Em 2020, durante a pandemia de COVID-19, o Fronteiras passou a atuar como projeto de extensão universitária no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP) através do apoio do após apoio do edital da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e do Prof. Dr. Ricardo Antunes, líder do Grupo de Pesquisa Metamorfoses do Mundo do Trabalho (CNPq).
A partir de 2023, o projeto de extensão foi incorporado à FFLCH-USP por meio da conexão com o Grupo de Pesquisa Cidade e Trabalho, coordenado pela professora sênior do departamento de sociologia Vera da Silva Telles.
Neste ano de 2025, para a continuidade dos projetos de extensão do Fronteiras Cruzadas, o trabalho da equipe na USP recebeu apoio dos deputados estaduais Monica Seixas (PSOL-SP) e Eduardo Suplicy (do PT-SP) por meio de emendas parlamentares da ALESP.
Os resultados e os impactos deste trabalho estão documentados e refletidos no relatório final compartilhado abaixo (é também possível baixar a versão em pdf).
Boa leitura!