Ano Novo Andino celebra cultura milenar indígena em SP

 A chegada dos raios de sol no Ano Novo Andino representa o despertar da energia vital do Sol, o início de um novo ciclo de vida, colheitas e prosperidade, além de ser um momento de renovação espiritual e comunitária para os povos andinos.

A Praça Kantuta, no bairro do Pari, em São Paulo, será palco, entre os dias 20 e 21 de junho de 2025, da celebração do Ano Novo Andino, também conhecido como Willka Kuti, o “Retorno do Sol”. O evento marca o início do Ano Novo Andino 5.533, e coincide com o solstício de inverno no Hemisfério Sul, período de profundo significado para os povos originários dos Andes.

A festividade, organizada pelo Centro Cultural Andino Amazônico em parceria com outros coletivos migrantes, propõe uma imersão nos saberes milenares das culturas indígenas andinas, especialmente da tradição Aymara, e conta com apoio do Ministério dos Povos Indígenas do governo brasileiro.

Durante a noite do dia 20 até a manhã do dia 21, a programação inclui cerimônias de oferenda à Pachamama (Mãe Terra), conduzidas por amawt’as (sábios andinos), apresentações de danças e músicas indígenas, fogueira, chás tradicionais, saberes ancestrais e trocas com guias espirituais vindos da Bolívia, ao lado dos grupos de música autóctona de São Paulo. O termo “autóctona” destaca justamente as raízes indígenas originárias e regionais, diferenciando o estilo musical de influências externas ou de fusões posteriores com elementos europeus e africanos.

Ao nascer do Sol, a celebração do novo ano acontece com um ‘apthapi’ – momento de partilha comunitária ancestral de comidas e bebidas com os participantes do evento, e todos estão convidados a trazer seus alimentos, prioritariamente naturais.

O evento é gratuito e aberto ao público, reforçando a importância da diversidade cultural na maior metrópole do país

Protagonismo do Centro Cultural Andino Amazônico

O Centro Cultural Andino Amazônico se destaca como articulador das iniciativas de resgate da cultura aymara, promovendo ao longo do ano encontros formativos e rodas de escuta das sabedorias indígenas, com a participação de yatiris (curandeiros) e amawt’as (filósofos) Aymaras e Quechuas. Essas ações estão fortalecendo a retomada linguística e cosmopolítica dessas comunidades, valorizando o conhecimento transmitido através de gerações.

Os povos Aymara

A cultura Aymara, originária das margens do lago Titicaca, é marcada por uma profunda relação com a natureza e por práticas comunitárias baseadas na reciprocidade e no respeito ao sagrado. A língua Aymara, reconhecida como patrimônio e símbolo de identidade, é elemento central na transmissão de valores e saberes. Os Aymara sobreviveram à invasões e processos de colonização, mantendo suas crenças, rituais e laços comunitários, em que a Pachamama ocupa papel fundamental como expressão da unidade entre tempo, espaço e vida. A resistência – nas suas formas silenciosa, por um lado, e de grande capacidade de mobilização ativa, por outro – também são marcas dessa cultura, que se reinventa e se afirma no cotidiano, inclusive em contextos urbanos como São Paulo.

A celebração do Ano Novo Andino na Praça Kantuta é uma oportunidade única para o acesso às culturas ancestrais na América do Sul, resgatando a valorização das cosmovisões indígenas, pautado pelo respeito à diversidade e à espiritualidade indígena.

Serviço: Ano Novo Andino 5.533

Local: Praça Kantuta – Rua Pedro Vicente, 625 (Metrô Armênia – Linha Azul)
Data: das 22h do dia 20 de Junho às 10h do dia 21 de Junho
Entrada Livre

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