Audiência Pública denuncia violência policial contra populações africanas e trabalhadores ambulantes

No dia 24/06, entidades de direitos humanos, movimentos sociais e associações de imigrantes debateram a gravidade do caso da morte de Talla Mbaye na ALESP.

O trabalhador de origem senegalesa foi morto após ação policial ilegal conectada ao racismo e à repressão contra trabalhadores ambulantes.

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Uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo convocada pela SOS Racismo debateeu no dia 24 de junho o aumento de casos de violência contra a população imigrante africana e afro-diaspórica. O evento foi organizado como resposta à morte de Talla Mbaye. No dia 23 de abril de 2024, Serigne Mourtalla Mbaye caiu do 6º andar de um prédio no centro de São Paulo após uma ação ilegal de policias militares, que entraram no edifício sem mandado judicial em circunstâncias que ainda não foram esclarecidas.

Manifestaçõa de imigrantes africanos impediu que a morte de Talla Mbaye fosse relegada ao esquecimento. Foto: Lucas Martins/MÍDIA NINJA

A partir do caso, foram reveladas outras graves práticas de racismo e xenofobia conectados à repressão policial contra trabalhadores ambulantes, com inúmeras denúncias que vêm sendo ignoradas pelas diferentes instâncias do Estado.

Os imigrantes e trabalhadores ambulantes do centro de São Paulo relatam recorrentes arbitrariedades cometidos por forças policiais, tais como invasões de domicílios sem mandado judicial, apreensões ilegais e roubos de mercadorias e objetos pessoais de valor, abuso de autoridade, flagrantes forjados de drogas, ameaças, racismo, violências e assassinatos. Outras acusações revelam que a estrutura de justiça vem sendo utilizada de forma a impedir que denúncias sejam feitas ou mesmo prosperem no âmbito da justiça devido a táticas utilizadas no momento de realização dos boletins de ocorrência, por exemplo.

Os pedidos de informações públicas também estão sendo ignoradas pelos governos estadual e municipal, como o requerimento de informações sobre a Operação Delegada pela deputada estadual Mônica Seixas (PSOL-SP) – oficiado no dia 24 de abril de 2024 e até agora sem respostas. A Operação Delegada é um programa entre a prefeitura de São Paulo e a Polícia Militar, cujo objetivo de melhorar a segurança pública vem sendo deturpado por inúmeros casos de intolerância, racismo e xenofobia contra os trabalhadores. “Estamos diante de graves casos de violência de estado contra pessoas afro-descendentes, a exemplo do que ocorreu com George Floyd nos EUA”, analisa a deputada.

O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP), um dos organizadores da Audiência, também se demonstra preocupado com a violência policial da Operação Delegada – que já vem sendo denunciada por ele pelo menos desde 2018. “O que estamos percebendo é que a Operação Delegada se tornou um dispositivo que está impedindo o desenvolvimento econômico, social e cultural das comunidades imigrantes e dos trabalhadores ambulantes, e impedindo o direito ao trabalho”, analisa.

+ Informações:

📢 AUDIÊNCIA PÚBLICA “Justiça para Talla Mbaye: A Violência Policial contra a População Imigrante Africana e Afro-diaspórica”

A violência e perseguição policial contra a população negra, e principalmente, contra os imigrantes africanos, é sistemática, recorrente e segue fazendo cada vez mais vítimas.

Venha debater com o SOS Racismo e exigir justiça para Talla!

BASTA DE VIOLÊNCIA POLICIAL CONTRA A POPULAÇÃO IMIGRANTE AFRICANA!✊🏿

Talla Mbaye merece justiça!

Confira o vídeo e reportagem realizados pelo jornal Brasil de Fato.