Encerramento do Fronteiras Cruzadas pauta arte, cultura e produção de conhecimento sobre as (i)mobilidades globais no contexto de crise

A partir de terça-feira (23/03), começa o ciclo de encerramento da 3a edição do Fórum Fronteiras Cruzadas com atividades acadêmicas e culturais sobre as múltiplas complexidades das migrações em tempos de fronteiras fechadas. A mesa de encerramento, organizada por grupos da USP e Unicamp, conta com a presença de Nina Glick-Schiller  (University of Manchester), Ayse Çaglar (University of Vienna) e Bela Feldman-Bianco, referências internacionais nos estudos migratórios em perspectiva crítica. O evento é gratuito.

Desde 24 de novembro, com apoio da agência de fomento CAPES, o III Fórum Internacional Fontié Ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas promoveu uma maratona de 15 atividades virtuais com 60 convidados, superando a marca de 400 pessoas inscritas no canal do YouTube recém criado. Ao longo dos quatro meses, o Fórum reuniu público-participante do Brasil e exterior interessado em pensar e atuar sobre os novos desafios das (i)mobilidades globais.
As atividades agregaram e engajaram debates sobre a realidade enfrentada por populações expulsas, deslocadas, refugiadas, na diáspora, frente ao acelerado processo de crise multidimensional (política, econômica, social, ambiental e sanitária). Veja tudo que rolou no site oficial: http://fronteirascruzadas.com.br/forum2020-21/

Neste último ciclo de encerramento da 3a edição do Fronteiras Cruzadas que teve como proposta pautar “Migração Transnacional e Transformações Sociais”, serão um total de quatro atividades em diferentes formatos: diálogos sobre cultura e educação com participação do Prof. Paulo Farah (USP) e artistas imigrantes do Senegal, Moçambique e África do Sul; cinedebate “Fronteiras Fechadas”, a partir do curta-metragem produzido pelo Prof. Artur Matuck (USP); mesa redonda de encerramento com as convidadas internacionais Nina Glick-Schiller  (University of Manchester) e Ayse Çaglar (University of Vienna), Profa. Bela Feldman-Bianco (Unicamp); e, por fim, o Sarau Multicultural Online, organizado pelo projeto de extensão Fronteiras Cruzadas “formação de rede sociotécnica com imigrantes e refugiados” na Unicamp em parceria com Visto Permanente.

Confira mais detalhes da nossa programação abaixo.

SOBRE FRONTEIRAS CRUZADAS

Fontié Ki Kwaze, em creole haitiano, significa ‘fronteiras que cruzam’. O Fórum Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas nasce justamente da influência da história do povo haitiano na América Latina e da importância do recente fluxo de migrantes transnacionais, incluindo crescente população em situação de refúgio, de diversas partes do mundo para o Brasil.
O Fórum tem a coordenação geral do Prof. Dr. Artur Matuck (ECA/ PGEHA / Diversitas-USP), junto com a Profa. Dra. Vera Telles (FFLCH-USP), o Prof. Dr. Paulo Daniel Farah (FFLCH-USP / Diversitas / NAP-Brasil-África) e a Profa. Dra. Patrícia Villen (Núcleo de Pesquisa Abdelmalek Sayad), com curadoria da pesquisadora e advogada Karina Quintanilha (IFCH-UNICAMP / CDHIC), sendo constituído por uma ampla rede de pesquisadores das mais diversas áreas de atuação (Comissão de Organização e Científica), estudantes, assistentes sociais, advogados, coletivos de migrantes, espaços culturais, em estreita cooperação com grupos de pesquisa do Brasil e exterior, em especial na América Latina, Canadá e Europa.
O Fórum tem se constituído como uma iniciativa acadêmica interdisciplinar, social, artística e multicultural desde 2017 na USP comprometida com a produção de conhecimento crítico nas humanidades e artes, e também com a formação de recursos humanos que atendam às demandas da sociedade diante do contexto global das migrações e deslocamentos forçados.

PROGRAMAÇÃO – Ciclo de encerramento

Este ciclo será realizado em parceria com o Diversitas-USP, Cidade e Trabalho (USP), Universidade em Transformação, Festival Sul-Americano de Cultura Árabe e Africana, Visto Permanente, projeto de extensão Fronteiras Cruzadas (Unicamp) e LabPerformance (UFRN).
📌 23/03, Terça, 17h
Cultura, arte e migração

Com: Alioune Gueye (Kunta Kinte), Nduduzo Siba, Otis Selamane (Unicamp), Paulo Daniel Farah (USP). Mediação: Claudine Melo (USP).

Atenção: essa atividade será transmitida pelo canal do Youtube do Universidade em Transformação (pelo link), em parceria com Fronteiras Cruzadas e o Festival Sul-Americano de Cultura Árabe e Africana.

Link da transmissão: https://youtu.be/s3A2jd8tJbc

Resumo: a cultura e a educação, de um lado, ajudam a promover afirmação identitária e a transmitir conhecimentos entre os imigrantes; de outro, humanizam esses grupos populacionais ante a sociedade brasileira e a tornam mais diversa e plural. Experiências, reflexões e artes compartilhadas na terra natal e no Brasil compõem esta mesa.

📌 26/03, Sexta, 19h

Cinedebate com a equipe do filme “Retained, Unknown, Unseen” (São Paulo, 2019).

Com: Artur Matuck (diretor), Sandro Cajé (mediação), Cristian Cancino (editor). Participação especial de Prudence Kalambay, ativista de direitos humanos e refugiada da República Democrática do Congo.

Resumo: Narrativas e expressão mediática. As fronteiras fechadas: migrantes que não puderam cruzar.
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📌8/04, Quinta, 14h
Reconfiguring Transnational Migration Studies:
A Multiscalar and Conjunctural Approach   
Closing roundtable with Nina Glick-Schiller and Ayse Çaglar.
Commentator: Bela Feldman-Bianco (Unicamp).
Mediation: Tiago Rangel (USP).
Participation: Artur Matuck (USP) and Karina Quintanilha (Unicamp).

Confira o resumo da discussão proposta por Nina Glick Schiller and Ayse Çağlar, com tradução livre para o português de Tiago Rangel.

A empreitada da migração transnacional, que se desenvolveu desde que o conceito foi introduzido nos estudos migratórios na década de 1980, teve quatro fraquezas contínuas. (1) Os pesquisadores geralmente têm prestado atenção insuficiente às mudanças nas conjunturas históricas e às consequentes transformações sociais. Relevando, obviamente, algumas exceções importantes (Feldman-Bianco 2001; 2018). A questão da temporalidade não foi suficientemente abordada; (2) Em geral, os estudiosos também não conseguiram teorizar o poder diferencial em suas múltiplas manifestações: econômica, política e cultural; e (3) A relação entre o poder diferencial e a relação dos migrantes com as várias localidades de inserção (emplacement) não foi suficientemente teorizada; (4) A conceituação de estados e espaços dos estados em campos sociais transnacionais foram aprisionados em uma binariedade de estados “receptores” e “emissores”, sem muita atenção à reestruturação da governança “neoliberal” ou “centralista autoritária”.

Para tematizar essas deficiências, oferecemos um vocabulário analítico que vai além do conceito de migração transnacional e facilita as comparações das relações dos migrantes no e através do espaço ao longo do tempo. Destacamos uma análise: multiescalar de redes entrelaçadas de poder diferencial; das mudanças nas conjunturas históricas de exploração, expropriação e deslocamento; das comparações relacionais e; das transformação da governança. Conforme desenvolvido por geógrafos críticos (Brenner 2019; Robinson 2015; Ward 2010), sociólogos (Jessop 2009) e antropólogos (Çağlar e Glick Schiller 2018; 2021; Feldman-Bianco 1992; Glick Schiller e Çağlar 2016), a análise multiescalar aborda a relacionalidade entre lugares no interior de reorganizações contemporâneas e contínuas da governança de pessoas, da infraestrutura, de instituições e da vida social. Em síntese, esses estudiosos entendem essa dinâmica processual como aspectos da reestruturação da acumulação de capital.

Essa abordagem facilita a análise dos processos políticos, econômicos e culturais e das redes de poder diferencial nos quais várias configurações de governança são constituídas, o capital é acumulado e as relações sociais são remodeladas conforme as localidades de inserção são refeitas. A análise multiescalar oferta uma abordagem relacional e comparativa entre migrantes e os processos de produção do lugar. Finalmente, perguntamos sobre as configurações futuras de lugar, mobilidade e poder em um mundo desafiado por contradições pandêmicas, austeridades e crescentes autoritarismos. Olhar para os desafios da conjuntura emergente nos permite obter novas perspectivas sobre os debates atuais sobre mobilidade e criar uma política que vai além das divisões racializadas entre migrantes e não migrantes, dos discursos, dos movimentos e das políticas nacionalistas e autoritárias. Essa perspectiva é necessária para construir um futuro de movimentos globais por justiça social, econômica e ambiental.

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SARAU MULTICULTURAL ONLINE

📌9/04, Sexta, 14h
Lançamento do Sarau Multicultural na Mostra Cultural da Semana Funciona Cultura 2021 da Unicamp, pelo Canal Dcult.
O Sarau Multicultural Online faz parte das ações do Projeto de Extensão Fronteiras Cruzadas “Formação de Rede Sociotécnica com Imigrantes e Refugiados” na Unicamp e é resultado de uma parceria com o Visto Permanente. 

O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas aqui

Haverá emissão de certificados mediante participação e assinatura da lista de presença nos dias do evento.Serviço:

III Fórum Internacional Fontié Ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas Migração Transnacional e Transformações Sociais
Para mais informações: fontieforum@gmail.com
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