Na América Latina, a pandemia de Covid-19 agravou os desafios já enfrentados pelas populações migrantes. A precarização do trabalho, a vulnerabilidade das condições de saúde e as barreiras no acesso a políticas públicas tornaram-se ainda mais evidentes, ampliando desigualdades e expondo essas comunidades a maiores riscos. Nesse cenário, migrantes têm protagonizado importantes lutas sociais em defesa de seus direitos, dignidade e melhores condições de vida e trabalho, fortalecendo redes de solidariedade em toda a região.

O Grupo de Trabalho Migraciones y Fronteras Sur-Sur, do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO), publicou entre novembro e dezembro de 2023 a edição nº 19 do boletim (Trans)Fronteriza, dedicada ao tema “Migrações, movimentos, fronteiras e saúde na (pós)pandemia de Covid-19”. A publicação traz reflexões e análises sobre os desafios enfrentados pelas populações migrantes em situações de vulnerabilidade durante e depois da pandemia.
No Brasil, o crescimento dos fluxos migratórios no século XXI expôs as condições precárias de trabalho às quais muitos imigrantes estão submetidos: jornadas exaustivas, baixos salários e discriminação. Esses fatores afetam diretamente sua saúde física e mental, ressaltando a urgência de políticas públicas adequadas e de mecanismos de proteção social.
Frequentemente inseridos em postos marcados pela superexploração e insegurança, os migrantes enfrentam ainda barreiras no acesso a serviços de saúde e inclusão social. Essas dificuldades ampliam desigualdades e tornam mais difícil o enfrentamento de doenças e condições de vida adversas.
Apesar disso, comunidades migrantes têm protagonizado movimentos de resistência e fortalecido redes de solidariedade, na luta por direitos trabalhistas, acesso à saúde e combate à discriminação. Nesse contexto, a articulação entre coletivos, organizações sociais e políticas públicas é essencial para construir sociedades mais justas e inclusivas.
Ampliar o acesso dos migrantes às políticas de saúde e trabalho, reconhecer sua cidadania e enfrentar o racismo e a xenofobia são passos fundamentais. Para que isso seja possível, a cooperação entre governo, sociedade civil e comunidades migrantes é indispensável.
A publicação conta com um artigo das pesquisadoras Karina Quintanilha e Ana Lídia Aguiar, do Fronteiras Cruzadas, abordando sobre “Trabalho, saúde e as lutas migrantes na pandemia: Trabalhadoras imigrantes nas confecções em São Paulo”. Leia o boletim (Trans)Fronteriza #19 na íntegra aqui e aprofunde-se nas reflexões sobre migrações, fronteiras e saúde no contexto da (pós) pandemia de Covid-19.