Redes de solidariedade lançam #CampanhaSomosJoãoManuel

#CampanhaSomosJoãoManuel
Apoie imigrantes vítimas de racismo e xenofobia em São Paulo

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajudem-os-imigrantes-feridos-do-caso-de-joao-manoel

A campanha é organizada por uma rede de solidariedade entre imigrantes e brasileiros e visa apoiar irmãos africanos vítimas de um ataque que culminou no assassinato de João Manuel e deixou outros imigrantes feridos na Zona Leste de São Paulo.

O imigrante angolano João Manuel, 47 anos, antes de ter sua vida violentamente tirada, residia em Itaquera (SP) e trabalhava como frentista em um posto de gasolina. João Manuel foi assassinado após uma discussão sobre o auxílio emergencial. João pagava impostos como todos os brasileiros e mandava dinheiro para sua família em Angola. Estava lutando para reunir sua família aqui no Brasil, um sonho interrompido no dia 17/05/2020, quando foi atingido por quatro facadas no peito que o levaram a óbito poucos minutos após o ataque. João Manuel deixa a esposa e três filhos em total desamparo.

Material de divulgação da Campanha #SomosJoãoManuel produzido pelo @VistoÁfrica.

Dois outros imigrantes africanos que estavam com ele foram feridos ao tentar impedir a agressão. Em reportagem do G1, um dos sobreviventes diz que o ataque ocorreu enquanto eles estavam conversando com João Manuel, que ele lhe emprestaria R$ 50 para comprar fraldas descartáveis para sua filha.

As testemunhas afirmam que a violência contra João Manuel ocorreu sem motivação, simplesmente pelo assassino não aceitar que imigrantes recebessem o auxílio emergencial no contexto da pandemia, direito que garantido aos imigrantes constitucionalmente e também pela Lei de Migração (saiba mais aqui).

O caso está em andamento na justiça e vem sendo acompanhado pelo Núcleo de combate à discriminação, racismo e preconceito da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Porém o praticante do crime ainda não foi responsabilizado, o que aumenta a sensação de medo entre as famílias imigrantes no bairro. Com a falta de políticas sociais e o acirramento das desigualdades, o racismo e a xenofobia tem se intensificado nas periferias, em especial no conjunto A. E. Carvalho localizado na zona leste de SP, onde vivia João Manuel. E, por isso, as famílias que foram vítimas desse ataque precisam de todo apoio: um novo lugar para morar em segurança, apoios psicológicos e sociais.

Essas famílias vivem de comércio, e por causa da pandemia eles estão sem renda fixa para arcar com as despesas básicas, como alimentação, produtos de higiene básica, remédios e segurança. Existem também crianças nessas famílias que precisam de fraldas. 

APOIE A #CAMPANHASOMOSJOÃOMANUEL

A campanha de solidariedade às famílias imigrantes atingidas pela violência que tirou a vida de João Manuel surge da iniciativa de brasileiros e imigrantes que contribuem com o movimento negro em diferentes estados do Brasil.

Você pode contribuir, com qualquer valor, diretamente pelo site:

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajudem-os-imigrantes-feridos-do-caso-de-joao-manoel

Ao participar da #CampanhaSomosJoãoManuel você também estará contribuindo com:

  1. a mulher e os quatro filhos de João Manuel que estão desamparados em Angola;
  2. a comunidade africana em São Paulo e com os familiares de dois africanos feridos no ataque que levou à morte de João Manuel;
  3. a construção de um memorial em homenagem ao João Manuel e pela valorização das culturas imigrantes, africanas e negras;
  4. a sensibilização contra o racismo e a xenofobia.

Ajude essas famílias de imigrantes!!!

VIDAS NEGRAS E VIDAS IMIGRANTES IMPORTAM!

A morte de João Manuel gerou revolta nas redes sociais, em especial entre as comunidades imigrantes (veja o vídeo de Prudence Kalambay; o vídeo de Eddy Nozy e o vídeo de Vensam Iala, do Visto Africa).

A violência que envolveu uma discussão sobre o benefício emergencial em plena pandemia repercutiu em diversos canais da mídia (como portal G1, BandNews, MigraMundo, Geledés, dentre outros). A repercussão provocou a manifestação da Prefeitura de São Paulo, da Defensoria Pública da União, do movimento negro e de instituições de direitos humanos, e apoio do mandato da deputada Erica Malunguinho.

Antes mesmo de ser aprovada a Lei de Migração (Lei 13.445/2017) no Congresso Nacional, que substituiu o Estatuto do Estrangeiro da ditadura, os movimentos dos imigrantes em São Paulo conquistaram uma lei municipal para políticas de proteção a direitos dos imigrantes (Lei Municipal 16.478/2016). Esses compromissos foram recentemente reafirmados pela assinatura da “Declaração de Marraquexe – Cidades trabalhando juntas pelos imigrantes e refugiados” pela Prefeitura de São Paulo, uma das cidades com a maior diversidade cultural do mundo.

Embora existam instrumentos jurídicos que garantam o direito de imigrantes como sujeitos de direitos, o ocorrido com João Manuel e outros africanos na zona leste traz à tona o aumento do discurso de ódio contra imigrantes nos últimos anos, como mostrou os relatos das vítimas do caso João Manuel no G1 e a reportagem do SPTV, da Rede Globo, que entrevistou as advogadas Hortense Mbuyi, da República Democrática do Congo, e Karina Quintanilha, do Fórum Internacional Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas (@FontieForum).

Vídeo da reportagem disponível em: https://globoplay.globo.com/v/8566959/

A congolesa Hortense conta que as agressões e ameaças a imigrantes africanos tornaram-se comuns na área conhecida como Cidade Antônio Estêvão de Carvalho nos últimos meses. Membro do Conselho Municipal de Imigrantes de São Paulo, Hortense morou por cinco anos no bairro. Após ameaças, ela abandonou sua casa há cerca de dois meses e se mudou com a família.

Segundo a advogada e doutoranda em sociologia Karina Quintanilha, da Unicamp, a situação de violência vivenciada por imigrantes africanos na Zona Leste não se trata de casos isolados. Segundo análise trazida em sua recente dissertação de mestrado, ao mesmo tempo em que existe a ideia do Brasil como um país acolhedor da migração, existe uma contraditória política de invisibilização sobre as violações de direitos sofridas por imigrantes no Brasil, principalmente no ambiente de trabalho e nos serviços públicos, marcada também pela violência policial e pelo racismo de Estado que estão diretamente relacionados com a herança escravocrata do período colonial.

Esse contexto atravessado por políticas e discursos que legitimam as desigualdades de classe, raça e gênero revela que é preciso romper o silêncio sobre o aumento de agressões xenofóbicas, racistas, machistas e homofóbicas no contexto de uma grave crise política, econômica e social que se intensifica pela pandemia, tendo o Brasil como epicentro mundial nas mãos de um projeto político da extrema direita com Jair Bolsonaro.

É certo que a violência que atingiu João Manuel e outros irmãos africanos faz parte do mesmo contexto global que busca naturalizar o racismo estrutural, o encarceramento em massa e a sistemática violência policial, que tirou a vida de George Floyd (Minnessota, Estados Unidos), contra as populações que estão nas margens do sistema capitalista por uma lógica desigual e perversa de produção e reprodução social.

Há esperança, porém, nos movimentos ao redor do mundo que se levantam para exigir: basta! Basta de limpeza étnica e de genocídio colonialista na África, na Palestina, basta de massacre e encarceramento em massa de negros e imigrantes nos Estados Unidos, na Europa, no Brasil, em toda a América Latina, na Ásia, e no Oriente Médio.

João Manuel (São Paulo/Angola), presente!

Roger Lipa Chambi e Tito Cruz Vilca (São Paulo/Bolívia), presente!

Toni Bernardo (Cuiabá/Guiné Bissau), presente!

Marielle Franco, presente!

Ágatha, Marcos Vinícius e João Pedro (Rio de Janeiro), presente!

Miguel Otávio (Recife), presente!

Mestre Moa do Katendê (Salvador), presente!

Por todas as vidas para as quais historicamente tem sido negado o direito de existir, de respirar. Basta à xenofobia e basta ao racismo!

CONTRIBUA COM O MEMORIAL JOÃO MANUEL

Veja pelo link https://goo.gl/maps/vTx9LP4NTmQJX8Ex9

O Memorial João Manuel, em forma de monumento digital, foi criado por meio da plataforma do GoogleMaps, próximo ao local onde João Manuel morava na Zona Leste de São Paulo.

É possível contribuir coletivamente com o Memorial através de fotos, mensagens e links.

Iniciativas como o Memorial João Manuel poderão ampliar as trocas culturais sobre a história de vida de imigrantes no Brasil e fortalecer as redes de solidariedade para discutir o racismo e a xenofobia.

Em 2019, também gerou grande comoção a violência cometida contra os jovens bolivianos Roger Lipa Chambi e Tito Cruz Vilca, baleados em agosto enquanto ensaiavam com sua banda numa tarde de domingo na Zona Norte em São Paulo.

Nos aderimos aos movimentos dos imigrantes e movimentos negros para exigir dos governantes que essas mortes não sejam invisibilizadas e em vão, e repudiamos a ascensão de manifestações de ódio e de caráter fascista no Brasil.

No contexto dramático da pandemia que estamos vivenciando, além da #CampanhaSomosJoãoManuel, o Fórum Internacional Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas, formado por uma rede sócio-técnica em 2017 na Universidade de São Paulo, está apoiando também a campanha #RegularizaçãoJá, uma iniciativa internacional para garantir anistia aos imigrantes indocumentados. No mundo inteiro e no Brasil, a política de indocumentação expõe as pessoas migrantes a múltiplas condições de vulnerabilidade, que dificultam o acesso aos direitos, como trabalho, saúde e moradia dignos.

Apoiamos também a campanha pela inclusão da nacionalidade como quesito obrigatório nos formulários de saúde da Covid-19 a fim de produzir políticas efetivas de prevenção junto às comunidades imigrantes.

#CampanhaSomosJoaoManuel

#VidasNegrasImportam

#VidasImigrantesImportam

#VidasRefugiadasImportam

#ZonaLesteSemXenofobia

#BastaRacismo

Um comentário em “Redes de solidariedade lançam #CampanhaSomosJoãoManuel

Os comentários estão fechados.